sexta-feira, 18 de maio de 2012


FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

O estudo das idéias pedagógicas não se limita a ser uma iniciação à filosofia antiga ou contemporânea. Mais do que possibilitar um conhecimento teórico sobre a educação, tal estudo forma em nós, educadores, uma postura que permeia toda a prática pedagógica. E essa postura nos induz a uma atitude de reflexão radical diante dos problemas educacionais, levando-nos a tratá-los de maneira séria e atenta.
A palavra EDUCAÇÃO tem sua origem nos verbos latinos Educare e Edurece. Educare tem o significado de alimentar, transmitir informações a alguém. Edurece tem o significado de extrair, desabrochar, desenvolver algo que está no indivíduo.
Por ser radical, essa reflexão é também rigorosa e atinge principalmente as finalidades da educação.
A filosofia, a história e a sociologia da educação oferecem os elementos básicos para que compreendamos melhor nossas práticas educativas e possamos transformá-la.
As idéias pedagógicas representam, certamente, um grau elevado de abstração, mas, dentro de uma ótica dialética (não metafísica), o pensamento não é puramente especulativo. Ele se traduz numa abstração concreta.
A filosofia da educação mostra o presente e aponta um futuro possível. O estudo da teoria educacional nos convida à ação individual e coletiva.
A evolução da educação está ligada à evolução da própria sociedade. A história das idéias é descontínua. As idéias dos clássicos da filosofia continuam atuais. A história da filosofia se distingue da história das ciências. As novas descobertas das ciências vão tornando as antigas obsoletas. Isso não acontece com a filosofia e a teoria educacional.
As perguntas da filosofia – o que é o homem, por exemplo – são colocadas sempre com a mesma atualidade. O que varia são as respostas, sempre com a mesma atualidade. O que varia são as respostas, sempre inacabadas, motivo por que são novamente recolocadas.
A filosofia da educação acredita que a educação tem um papel importante no próprio processo de humanização do ser humano e de transformação social. Sozinha, a educação não transforma a sociedade. A teoria educacional visa à formação do homem integral, ao desenvolvimento de suas potencialidades, para torná-lo sujeito de sua própria história e não objeto dela. Mostra os instrumentos que podem criar uma outra sociedade.
A teoria da educação tem por missão essencial subsidiar a prática. A ligação entre e a teoria e a prática é fundamental na educação. Todo educador, ao interrogar-se sobre as finalidades de seu trabalho, está, de certa forma, filosofando, mesmo que não o pretenda.
A filosofia da educação pretende tornar a educação um instrumento de libertação humana e não de domesticação.
A educação não é algo isolado, abstrato, mas está relacionada estreitamente com a sociedade e a cultura de cada época, as quais produzem ideais e tipos humanos que a educação trata de realizar. É necessário, portanto, relacionar a educação e as concepções sociais e culturais de cada momento histórico.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ORIENTAL
A prática da educação é muito anterior ao pensamento pedagógico. O pensamento pedagógico surge com a reflexão sobre a prática da educação, como necessidade de sistematizá-la e organizá-la em função de determinados fins e objetivos.
O Oriente afirmou principalmente os valores da tradição, da não-violência, da meditação. Ligou-se, sobretudo à religião, entre as quais se destacam: o taoísmo, o budismo, o hinduísmo e o judaísmo.   
A educação primitiva era essencialmente prática, marcada pelos rituais de iniciação. Além disso, fundamenta-se pela visão animista: acreditava-se que todas as coisas – pedras, árvores, animais – possuíam uma alma semelhante à do ser humano. A educação baseava-se na imitação e na oralidade limitada ao presente imediato.
Outra característica dessa visão é o totemismo religioso, concepção de mundo que toma qualquer ser – ser humano, animal, planta ou fenômeno natural – como sobrenatural e criador do grupo. O agrupamento social que adora o mesmo totem recebe o nome de clã.
A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo (tão = razão universal), que é uma espécie de panteísmo (uma crença que identifica o universo (em grego: pan, tudo) com Deus (em grego: theos)), cujos princípios recomendam uma vida tranqüila, pacífica, sossegada, quieta. Baseando-se no taoísmo, CONFÚCIO (551-479 a. C.) criou um sistema moral que exaltava a tradição e o culto aos mortos.   
O confucionismo transformou-se em religião do estado até a Revolução Cultural, promovida na China por Mao Tsé-Tung, no século XX. Criou um sistema de exame baseado no ensino dogmático e memorizado. A educação chinesa tradicional visava reproduzir o sistema de hierarquia, obediência e subserviência ao poder dos mandarins.
A educação hinduísta também tendia para a contemplação e para a reprodução das castas – classes hereditárias -, exaltando o espírito e repudiando o corpo. Os párias e as mulheres não tinham acesso à educação.
Os egípcios foram os primeiros a tomar consciência da importância da arte de ensinar. Criaram casas de instrução onde ensinavam a leitura, a escrita, a história dos cultos, a astronomia, a música e a medicina.
Foram os hebreus que mais conservaram as informações sobre sua história. Por isso, legaram ao mundo um conjunto de doutrinas, tradições, cerimônias religiosas e preceitos que ainda hoje são seguidos. A educação hebraica era rígida, minuciosa, desde a infância; pregava o temos a deus e a obediência aos pais. O método que utilizava era a repetição e revisão: o catecismo. Foi principalmente através do cristianismo que os métodos educacionais dos hebreus influenciaram a cultura ocidental.
Entre muitos povos, a educação primitiva ocorreu com características semelhantes, marcadas pela tradição e pelo culto aos velhos. Esse tradicionalismo pedagógico, porém, é orientado por tendências religiosas diferentes: o panteísmo do extremo oriente, o teocratismo hebreu, o misticismo hindu, o magicismo babilônico. 
Essas doutrinas pedagógicas se estruturam e se desenvolveram em função da emergência da sociedade de classes. A escola, como instituição formal, surgiu como resposta à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da propriedade privada.
Na comunidade primitiva a educação era confiada a toda a comunidade a toda a comunidade, em função da vida e para a vida: para aprender a usar o arco, a criança caçava; para aprender a nadar, nadava. A escola era a aldeia.
Com a divisão social do trabalho, onde muitos trabalham e poucos se beneficiam do trabalho de muitos, aparecem as especialidades: funcionários, sacerdotes, médicos, magos, etc.; a escola não é mais a aldeia e a vida funciona num lugar especializado onde uns aprendem e outros ensinam.
A escola que temos hoje nasceu com a hierarquização e a desigualdade econômica gerada por aqueles que se apoderaram do excedente produzido pela comunidade primitiva. A história da educação constitui-se num prolongamento da história das desigualdades econômicas.
A educação primitiva era única, igual para todos; com a divisão social do trabalho aparece também a desigualdade das educações: uma para os exploradores e outra para os exploradores, uma para os ricos e outra para os pobres.
A educação primitiva, solidária e espontânea, vai sendo substituída pelo terror.   
Após apresentação propor as atividades das páginas 25 (2ª questão) e 28 (1ª questão).
 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: editora ática, 2006. 

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