FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO
O
estudo das idéias pedagógicas não se limita a ser uma iniciação à filosofia
antiga ou contemporânea. Mais do que possibilitar um conhecimento teórico sobre
a educação, tal estudo forma em nós, educadores, uma postura que permeia toda a
prática pedagógica. E essa postura nos induz a uma atitude de reflexão radical
diante dos problemas educacionais, levando-nos a tratá-los de maneira séria e
atenta.
A
palavra EDUCAÇÃO tem sua origem nos verbos latinos Educare e Edurece. Educare
tem o significado de alimentar, transmitir informações a alguém. Edurece tem o
significado de extrair, desabrochar, desenvolver algo que está no indivíduo.
Por
ser radical, essa reflexão é também rigorosa e atinge principalmente as
finalidades da educação.
A
filosofia, a história e a sociologia da educação oferecem os elementos básicos
para que compreendamos melhor nossas práticas educativas e possamos
transformá-la.
As
idéias pedagógicas representam, certamente, um grau elevado de abstração, mas,
dentro de uma ótica dialética (não metafísica), o pensamento não é puramente
especulativo. Ele se traduz numa abstração concreta.
A
filosofia da educação mostra o presente e aponta um futuro possível. O estudo
da teoria educacional nos convida à ação individual e coletiva.
A
evolução da educação está ligada à evolução da própria sociedade. A história
das idéias é descontínua. As idéias dos clássicos da filosofia continuam
atuais. A história da filosofia se distingue da história das ciências. As novas
descobertas das ciências vão tornando as antigas obsoletas. Isso não acontece
com a filosofia e a teoria educacional.
As
perguntas da filosofia – o que é o homem, por exemplo – são colocadas sempre
com a mesma atualidade. O que varia são as respostas, sempre com a mesma atualidade.
O que varia são as respostas, sempre inacabadas, motivo por que são novamente
recolocadas.
A
filosofia da educação acredita que a educação tem um papel importante no
próprio processo de humanização do ser humano e de transformação social. Sozinha,
a educação não transforma a sociedade. A teoria educacional visa à formação do
homem integral, ao desenvolvimento de suas potencialidades, para torná-lo
sujeito de sua própria história e não objeto dela. Mostra os instrumentos que
podem criar uma outra sociedade.
A
teoria da educação tem por missão essencial subsidiar a prática. A ligação
entre e a teoria e a prática é fundamental na educação. Todo educador, ao
interrogar-se sobre as finalidades de seu trabalho, está, de certa forma,
filosofando, mesmo que não o pretenda.
A
filosofia da educação pretende tornar a educação um instrumento de libertação
humana e não de domesticação.
A
educação não é algo isolado, abstrato, mas está relacionada estreitamente com a
sociedade e a cultura de cada época, as quais produzem ideais e tipos humanos
que a educação trata de realizar. É necessário, portanto, relacionar a educação
e as concepções sociais e culturais de cada momento histórico.
O PENSAMENTO
PEDAGÓGICO ORIENTAL
A
prática da educação é muito anterior ao pensamento pedagógico. O pensamento
pedagógico surge com a reflexão sobre a prática da educação, como necessidade
de sistematizá-la e organizá-la em função de determinados fins e objetivos.
O
Oriente afirmou principalmente os valores da tradição, da não-violência, da
meditação. Ligou-se, sobretudo à religião, entre as quais se destacam: o
taoísmo, o budismo, o hinduísmo e o judaísmo.
A
educação primitiva era essencialmente prática, marcada pelos rituais de
iniciação. Além disso, fundamenta-se pela visão animista: acreditava-se que
todas as coisas – pedras, árvores, animais – possuíam uma alma semelhante à do
ser humano. A educação baseava-se na imitação e na oralidade limitada ao
presente imediato.
Outra
característica dessa visão é o totemismo religioso, concepção de mundo que toma
qualquer ser – ser humano, animal, planta ou fenômeno natural – como
sobrenatural e criador do grupo. O agrupamento social que adora o mesmo totem
recebe o nome de clã.
A
doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo (tão = razão universal), que é uma
espécie de panteísmo (uma crença que
identifica o universo (em grego: pan, tudo) com Deus (em
grego: theos)), cujos princípios recomendam uma vida
tranqüila, pacífica, sossegada, quieta. Baseando-se no taoísmo, CONFÚCIO
(551-479 a. C.) criou um sistema moral que exaltava a tradição e o culto aos
mortos.
O
confucionismo transformou-se em religião do estado até a Revolução Cultural,
promovida na China por Mao Tsé-Tung, no século XX. Criou um sistema de exame
baseado no ensino dogmático e memorizado. A educação chinesa tradicional visava
reproduzir o sistema de hierarquia, obediência e subserviência ao poder dos
mandarins.
A
educação hinduísta também tendia para a contemplação e para a reprodução das
castas – classes hereditárias -, exaltando o espírito e repudiando o corpo. Os
párias e as mulheres não tinham acesso à educação.
Os
egípcios foram os primeiros a tomar consciência da importância da arte de
ensinar. Criaram casas de instrução onde ensinavam a leitura, a escrita, a história
dos cultos, a astronomia, a música e a medicina.
Foram
os hebreus que mais conservaram as informações sobre sua história. Por isso,
legaram ao mundo um conjunto de doutrinas, tradições, cerimônias religiosas e
preceitos que ainda hoje são seguidos. A educação hebraica era rígida,
minuciosa, desde a infância; pregava o temos a deus e a obediência aos pais. O
método que utilizava era a repetição e revisão: o catecismo. Foi principalmente
através do cristianismo que os métodos educacionais dos hebreus influenciaram a
cultura ocidental.
Entre
muitos povos, a educação primitiva ocorreu com características semelhantes,
marcadas pela tradição e pelo culto aos velhos. Esse tradicionalismo
pedagógico, porém, é orientado por tendências religiosas diferentes: o panteísmo
do extremo oriente, o teocratismo hebreu, o misticismo hindu, o magicismo
babilônico.
Essas
doutrinas pedagógicas se estruturam e se desenvolveram em função da emergência
da sociedade de classes. A escola, como instituição formal, surgiu como resposta
à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da
propriedade privada.
Na
comunidade primitiva a educação era confiada a toda a comunidade a toda a
comunidade, em função da vida e para a vida: para aprender a usar o arco, a criança
caçava; para aprender a nadar, nadava. A escola era a aldeia.
Com
a divisão social do trabalho, onde muitos trabalham e poucos se beneficiam do
trabalho de muitos, aparecem as especialidades: funcionários, sacerdotes,
médicos, magos, etc.; a escola não é mais a aldeia e a vida funciona num lugar
especializado onde uns aprendem e outros ensinam.
A
escola que temos hoje nasceu com a hierarquização e a desigualdade econômica
gerada por aqueles que se apoderaram do excedente produzido pela comunidade
primitiva. A história da educação constitui-se num prolongamento da história
das desigualdades econômicas.
A
educação primitiva era única, igual para todos; com a divisão social do
trabalho aparece também a desigualdade das educações: uma para os exploradores
e outra para os exploradores, uma para os ricos e outra para os pobres.
A
educação primitiva, solidária e espontânea, vai sendo substituída pelo terror.
Após
apresentação propor as atividades das páginas 25 (2ª questão) e 28 (1ª
questão).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
GADOTTI,
Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: editora ática, 2006.
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