segunda-feira, 7 de maio de 2012


O PROCESSO DIALÓGICO

Hoje em dia, fala-se muito em “diálogos”. Logo, estamos de acordo sobre a necessidade de um “método dialógico” para o processo de aprendizagem.
Assim, para termos um diálogo, é preciso termos comunicação entre dois pólos positivos, uma forma de troca ou de descoberta mútua.
 Então, por este ponto de vista, o aluno é na melhor das hipóteses, como uma folha branca, pronta para absorver os ensinamentos escolares. Contudo, em muitos casos, o aluno começa a menos zero, pois é diagnosticado principalmente em termos de carências e faltas. Aliás, é sintomático que a ciência pedagógica possui inúmeros instrumentos para localizar as lacunas na formação do aluno e procurar a sua originalidade, especialmente a do tipo que extrapola o conhecimento clássico, o que requer instrumentos de uma sofisticação infinitamente maior.
Assim, para participar de um diálogo a pessoa precisa tanto escutar quanto falar, precisa se interessar pelo seu interlocutor precisa acreditar que este tem algo para lhe ensinar. Se esse processo de assim “positivar” a imagem do outro já é difícil e se tratando da relação adulto/criança é mais problemática ainda, quando - como em tantas escolas brasileiras- o adulto é da classe média e a criança dos grupos populares.
 Nesta hipótese, Não estamos negando o bom senso dos objetivos educacionais básicos. Estamos de acordo que é desejável desenvolver nos alunos certas habilidades do mundo escrito e que os alunos têm potencial para adquirir essas habilidades. Entretanto, é uma linha tênue que separa o ensinar do disciplinar.
Para tanto, é necessário encarar as crianças enquanto integrantes de grupos sociais historicamente constituídos. Não se trata de cair num romantismo retrógrado, idealizando o modo de vida destes grupos como algo mais “natural”, “autêntico” ou “espontâneo”, etc.
Logo, Representa a idéia de algo moralmente superior, a ser preservada e transmitida a toda humanidade. O professor, ao reconhecer “lógicas alternativas” razoavelmente bem adaptadas a um determinado contexto, inicia o árduo trabalho de colocar em perspectiva sua própria lógica (também fruto da experiência de vida de uma determinada classe histórica). Assim, a partir daí, pode começar o diálogo.
CONSTRUÇÃO E DESCONTRUÇÃO NO MÉTODO ANTROPOLÓGIACO
  Na cabeça de muita gente, a antropologia ainda é sinônima do pensamento evolucionista do século XIX. Assim como as demais ciências sociais é verdade que a nossa disciplina começou no mundo da Europa colonialista onde os teóricos pensavam em termos de povos “primitivos” e povos “civilizados”. Faziam de seu mundo o centro do universo, o topo moral do processo evolucionário e classificavam o resto da humanidade em função de quem estava mais perto ou mais longe deles.
Sendo assim, Todo o trabalho das últimas décadas tem sido no sentido de desconstruir a visão “etnocêntrica” do mundo para escapar aos ardis tanto do preconceito racista como do romantismo rousseauniano. Desta forma, Fala-se muito em “alteridade”, procura-se captar a “lógica do outro” – um processo que não é tão óbvio quanto poderia parecer à primeira vista. Isso por que implica no esforço de sair de nosso próprio sistema simbólico - que nos acompanha como o ar que respiramos- para tentar penetrar no sistema do “outro”
O conceito de cultura, tal como é empregado pela grande maioria de antropólogos contemporâneos, representa uma negação do pensamento evolucionista novecentista, No entanto, o conteúdo específico destes significados assume um número quase infinito de formas
Em todos os grupos sociais, por exemplo, existem práticas que parecem com aquilo que chamamos “casamento”. Entretanto, se não levarmos em conta a configuração de valores que circunda estas práticas em cada contexto, não compreenderemos grande coisa.
No ensino da antropologia, gostamos de dizer que o estudante não deve levar idéias pré-concebidas para a pesquisa de campo. Certamente ele tem a obrigação de familiarizar-se com as teorias científicas pertinentes ao problema e à comunidade que quer estudar.
É neste sentido, que a contribuição da antropologia para este debate vem mais de seu método do que de seu estoque de conhecimento. O famoso “estranhamento” do método antropológico, herdado das nossas andanças em lugares exóticos, nada mais é do que esta desconfiança diante de receitas fixas, esta sensação de que diante de cada experiência é necessário construir uma nova análise.

A CIDADANIA: UM CAMPO DESAFIADOR DE INVESTIGAÇÃO
Vivemos em uma sociedade de classes onde as desigualdades sociais, econômicas e políticas ultrapassam os limites da imaginação. Essas desigualdades são responsáveis pela situação de “apartação” reinante, na qual, muitas vezes, “ricos” e “pobres” só se encontram em situações de faxina ou assalto
As diferenças culturais que existem no Brasil são, sem dúvida nenhuma, em parte ligada a esta desigualdade, mas são ligadas enquanto conseqüência e não causa. Ao mesmo tempo em que obramos para mudar a situação ao nível estrutural, devemos, na medida do possível, tentar compreender a lógica dos sistemas simbólicos que surgiram em função do atual contexto, mas essa compreensão não pode se der num processo autoritário. Esta só pode se dar através de um processo dialógico em que, eventualmente, as próprias categorias do “observador” se transformem em função do contato intersubjetivo.
No entanto, a indignação diante da injustiça social e a boa vontade não bastam para viabilizar a transformação da sociedade que almejamos. Há um perigo que esta indignação saia pela culatra, levando a uma visão estereotipada da realidade e barrando o caminho para uma compreensão aprofundada da visão dos sujeitos. Na história recente, temos diversos exemplos deste tipo de erro.
Enquanto os educadores continuarem colocando a culpa pela pobreza nas “mentalidades” (atrasadas ou alienadas) dos grupos trabalhadores, o processo educativo seguirá os moldes tradicionais- a mão única- de um “plus” para “menos”. Pelo contrário, o reconhecimento das causas estruturais da pobreza abre o caminho para um processo dialógico entre diversos grupos e para a ação, eventualmente em conjunto, que transformará a sociedade. Para o novo lema “cidadania” ter efeito, terá que representar mais do que uma modificação de retórica, terá que ser acompanhado por cada educador, por cada segmento social.
Referência:
Páginas da Internet
Fonseca, Claud. Willian. Antropologia, Educação e Cidadania:
http:www.scielo.br/script=sci_arttxt&pid=so10132621997000200002
Acesso em: 03 de Abril de 2011 



























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